“Estive a desenhar sobretudo flores na última semana, moti- vado por uma curiosidade que pouco tem a ver com botânica ou estética. Tenho-me perguntado se as formas naturais – uma árvore, uma nuvem, um rio, uma pedra, uma flôr – podem vistas e percebidas como mensagens. Escusado será dizer que as mensagens, que nunca podem ser verbalizadas, não nos são particu- larmente destinadas. Será possível ‘lêr’ aparências naturais como texto? (…) É um exercício gestual, cujo objectivo é responder a diferentes ritmos e formas de energia, que gosto de imaginar como textos de uma língua ainda não nos dada a ler. E, no entanto, quando traço o texto que identifico fisicamente com a coisa que estou a desenhar e com a ilimitada e desconhecida língua mãe em que é escrita.” John Berger, Confabulations, Penguin, 2016, pp.136-137