O nome da exposição, Suores frios, refere-se a uma condição particular do estado de ansiedade — um estar alerta, quando o corpo, perante um determinado cenário, nomeadamente de conflito, sinaliza a encruzilhada entre não saber se foge, ou se se entrega a uma possibilidade de luta e de dor.
Há nas obras qualquer coisa de primário, de básico, de imediato. Reduzir coisas ao essencial: é para aí que apontam estas propostas. O lápis, o papel, a luz, a cor; o desenho, o vídeo. Os materiais e registos são mínimos; os conceitos, espartanos. Convocar e propor, a partir de uma certa austeridade.
Sem risco e sem grande exibicionismo, de modo simples e talvez a roçar o simplismo técnico, quis propor trabalhos que essencialmente aludissem de forma directa ou velada a um “outro tempo”.
Precisei de pensar obras propositadamente ausentes no que diz respeito a este nosso presente e à sua eficácia em liquidar (no múltiplo sentido da palavra) aquilo que é de certo modo avesso ou estranho aos seus fluxos.
Mas importa sublinhar que a voz destas obras é presente, afirmação; não se afirmam tanto pelo modo como foram feitas, ou pelo que fazem — mas pelo que são: peças por corrigir e alinhar com aquilo que, no meu entender, se institui e se torna predominante nestes dias. Também nesse sentido se inscreve nestas obras “pobres” (os desenhos são, literalmente, retalhos… o vídeo não tem narração nem grande edição… um outro desenho será feito num vidro do espaço, e posteriormente apagado…) a riqueza possível de um espaço em aberto.
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