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INAUGURAÇÃO

As folhas de papel mostram vestígios de pintura que funcionam como amostras de cor para o artista antes da tinta ser aplicada na tela. Christoph Srb define-as como subprodutos da pintura, criados de forma inconsciente. Nesta exposição, o artista mostra pela primeira vez o trabalho resultante de um processo concebido fora do seu atelier. Uma das pinturas que as amostras referem é o quadro de “Anne”, o retrato de uma jovem mulher cujo corpo foi recuperado do Sena em 1900, exibindo um estranho sorriso, pouco usual nos cadáveres retirados da água, e que nos é mostrado na exposição. Embora anónimo, o seu rosto, em particular a sua expressão facial, tornou-se numa figura da história da cultura. No início do século passado, a “Totenmaske” de Anne tornou-se num adereço doméstico popular na forma de moldes de gesso sendo adoptada, mais tarde nos anos 60, como máscara dos manequins de ressuscitação dos cursos de primeiros socorros.

Reinhold Zisser procura edifícios vazios no Porto. Os vestígios arquitectónicos ligam-se a uma história específica, constituindo, todavia, carapaças precárias, recipientes para conteúdos e necessidades que não encontram espaço num contexto social mais sedimentado. Zisser utiliza a superfície material destes edifícios do Porto como monotipos, criados no local. O monotipo é uma técnica de impressão especial em que é apenas possível imprimir uma cópia. Em vez de papel ou tela, os monotipos são desenhados ou pintados sobre placas de vidro, acrílico ou metal. A tinta ainda fresca é posteriormente prensada directamente sobre o papel. Uma parte da pintura é abandonada, tornando-se parte do local. A outra, depois de impressa no papel, configura o trabalho apresentado na exposição. O artista está interessado na tensão que resulta deste cruzamento: por um lado, a arte de rua anónima, a imagem indistinta no vidro, por outro, a gravura assinada, o monotipo. A fusão entre estes dois objectos é gerada no breve instante do seu contacto singular, na sua emergência mútua. O monotipo é uma imagem que espelha a “outra” metade.