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Making it with Life And Death: Remarks on Eros, Thanatos and Desiring Production

INAUGURAÇÃO

Filipe Marques formou-se na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto e na Kunstakademie em Düsseldorf. O seu trabalho, apresentado em exposições individuais e colectivas em Portugal e no estrangeiro, desenvolve-se a partir de teorias dos filósofos modernos que problematizaram o humanismo.

 

É a música, meu amor…

Nas profundezas, onde se cavam os terrores, é que o combate se desenha como uma linha recta. É lá que se ouve melhor. Sempre melhor quando tudo rebenta, quando os gestos se tornam sombras dos corpos. Uma operação que não significa. Apenas mostra, transtorna a imagem, recusando a possibilidade de qualquer síntese.

Sempre a recomeçar. Nada a escolher. Convocado o suicídio. A relação do homem com a máquina que prolonga a extravagante corrida do mundo. Fernando Lemos lembra-nos que “o poeta Alexandre O´Neil queria matar-se e os outros resolveram fazer-lhe uma lavagem cerebral”. É a vertigem do avanço que se instala num lugar qualquer, um corpo ocupado por tantas figuras colectivas. Espaços irremediáveis.

Palavras que se decompõem em modos de projecção segundo uma estrutura que, necessariamente, se desloca ao encontro e ao acaso. A potência subsiste, duplica as acções, aumenta as paixões. As insuficiências. Entre a estrada infinita que a menina percorre com o gato debaixo do braço em Satàntango, nas manhãs cinzentas de Bèla Tarr, e a angústia do menino ao piano em Moderato Contabile, de Marguerite Duras, permanece o silêncio esgotado. Ou o medo. É a música, meu amor…

Eduarda Neves