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todas as noites

INAUGURAÇÃO

todas as noites parte do arquivo fotográfico de Pedro Magalhães, e reúne imagens ritualistas representativas de situações que casualmente se vão repetindo e reencontrando desde 2008. Com base na selecção de um conjunto de fotografias é composta uma exposição compreendida como obra – semelhante ao entendimento de Chopin, de que a música é filha da noite, tanto hipnoticamente acabrunhada como muito depressa intensa. todas as noites simboliza o tempo e o timbre da imagem, semelhante ao pulsar de um corpo que se alimenta da noite e da luz, e resiste.

Um arquivo de fotografias analógicas, realizadas com uma câmara compacta, que espelha a importância do tempo entre o disparo até ao momento em que as películas são reveladas, por vezes após vários anos. As imagens permanecem nos rolos, na noite, num espaço de latência, por revelar e se tornarem lúcidas. Nelas não se ambiciona um arquivo, procura-se registar, à semelhança de um diário de bolso, situações, circunstâncias e momentos que vivem da espontaneidade e acaso de um clique – You Press the Button, We Do the Rest (slogan de 1888 da Kodak).

O conjunto de imagens em exposição intensifica-se na memória que a própria fotografia acarreta, como se fossem uma figura de estilo, a analepse. É possível identificar no mesmo arquivo, situações semelhantes em diferentes contextos, ou o mesmo tema representado com anos de desfasamento. São muitos os aquários das cervejarias, os cigarros solitários, os polvos pendurados, os ossos nos canos, as pessoas que não estão, mas que habitam as imagens.

Curadoria de Luís Pinto Nunes e Luís Albuquerque Pinho