Jaime Reis (n. 1983) é um compositor português.
Após estudar Composição e Música Electroacústica na Universidade de Aveiro com João Pedro Oliveira, participou nos Cursos Stockhausen em Kürten (2003-2007) e trabalhou sob a alçada Emmanuel Nunes (2003-2012). Estas experiências contribuíram para a formação da sua abordagem à música. Continuou os seus estudos de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa em Etnomusicologia, com Emmanuel Nunes como co-orientador até à sua morte, em 2012.
O pensamento musical de Jaime Reis é informado pelo seu grande interesse pela investigação em ciências naturais e pela sua permanente atenção às tradições musicais – e, de facto, espirituais – asiáticas.
Um dos seus focos é o conceito de espaço na música. Em obras como “Fluxus, pas trop haut dans le ciel” e “Fluxus, Vortex – Schubkraft”, explora percursos polifónicos espaciais através de sistemas de som imersivos em forma de cúpula; ou em “Jeux de l’Espace”, cria novos sons através da utilização de um Parametric Loudspeaker Array (PLA), uma tecnologia estimulante que reproduz som de uma forma ultra-direccional.
Outra característica marcante da sua música é a presença de conceitos complexos que sustentam a construção das suas peças, muito embora não distraindo o ouvinte da sua beleza sensível. As ideias funcionam como funções ocultas que, apesar do seu rigor intelectual, geram formas musicais voluptuosas. Estas ideias são desenvolvidas principalmente nas suas obras Sangue Inverso – Inverso Sangue, A Omnisciência é um Colectivo, e nos ciclos Essência, Fluxus e Síntese.
Jaime Reis é professor de Composição e Música Electroacústica na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e investigador no Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa.
Realizou residências artísticas em estúdios como o ZKM | Center for Art and Media Karlsruhe (Alemanha, 2018-2019), Musiques et Recherches (Bélgica, 2017) e Visby International Center for Composers (Suécia, 2007). Leccionou Composição e Música Electroacústica em universidades e academias como HM Franz Liszt Weimar e Darmstädter Ferienkurse (Alemanha), Mozarteum Salzburg e The Vienna Acousmatic Project (Áustria), Fundação Calouste Gulbenkian (Portugal), Academia de Música de Cracóvia (Polónia), Conservatório Estatal Tchaikovsky, de Moscovo (Rússia), Universidade Keio (Japão), entre outras.
É director artístico do Festival DME, um evento iniciado em 2003 na Polónia e que actualmente desenvolve uma intensa atividade na área da música erudita contemporânea e electroacústica.
Em 2017, fundou o Lisboa Incomum, uma sala de concertos e centro transdisciplinar para experimentalismo e criações musicais, investigação e educação, que acolhe artistas de todo o mundo.
A sua música foi tocada em todo o mundo por ensembles e músicos como Christophe Desjardins, Pierre-Yves Artaud, Aida-Carmen Soanea, Ana Telles, ensemble Fractales, Ensemble Horizonte, Orquestra Gulbenkian, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Machina Lírica, Orchestre de Flûtes Français, Soli-Tutti Choir e Aleph Gitarrenquartett, em mais de 200 concertos, festivais e eventos como “Hörfest” e “Weimarer Sommer” (Áustria); “Initiative Neue Musik Berlin”, “Klangfroh” – Dusseldorf e “EviMus” (Alemanha); “Festival pour la Libération du Son et de l’Image”, “Futura Festival” and “Synthèse” (França); “Tempo Reale Festival” e “Confini mediterranei” (Itália); ICMC (Holanda); “Influx” e “Logos Foundation” (Bélgica); “Audio Art Festival” (Polónia); “Bass” (República Checa); “CIME” (Rússia); “Electric Audio Unit” (Noruega); “Electroacoustic WALES” (Reino Unido); “Festival de Música Contemporanea de Madrid” e “Barcelona Modern” (Espanha); “Monaco Electroacoustique”; “New York Noise Gate Festival” (EUA), “WASBE” (China), entre outros.
Bio escrita por Monika Streitová, flautista e Professora na Universidade de Évora